sexta-feira, 9 de novembro de 2018

China cria âncora de jornal com inteligência artificial, e ele é incrível e entediante ao mesmo tempo.




por: Alessandro Feitosa Jr

A agência estatal de notícias chinesa Xinhua criou dois “âncoras” virtuais para apresentar telejornais. Utilizando a modelagem 3D e inteligência artificial, os avatares são capazes de ler qualquer conteúdo, tanto em inglês quanto em chinês. A voz e a aparência foram inspirados em um dos jornalistas da agência.
No anúncio oficial, a companhia disse que o âncora virtual pode ser útil para entradas repentinas de notícias urgentes. O avatar já é considerado pela agência como um membro do time de reportagem e um de seus pontos positivos é “diminuir os custos associados a âncoras humanos, já que ele pode trabalhar 24 horas por dia” – o que, sinceramente, não me parece tão positivo assim.
Na realidade, o âncora virtual ainda não está pronto para tirar empregos dos jornalistas. Apesar da Xinhua dizer que seu novo apresentador é capaz de apresentar notícias em uma linguagem natural, eu não fiquei muito convencido com a demonstração:
A voz ainda é bem robótica, né? Ainda assim, já é um começo promissor para quem acabou de chegar na empresa. A agência diz que ele é capaz de aprender ao assistir vídeos de transmissões ao vivo, inclusive.
Michael Wooldridge, da Universidade de Oxford, disse à BBC que achou o avatar bem artificial. “É bem difícil de ficar assistindo por muito tempo. Ele não tem expressão, a velocidade de suas frases é a mesma sempre, não tem ritmo nem ênfase”, comentou o professor. Wooldridge apontou também que os espectadores costumam ter apreço e confiança por apresentadores humanos que já conhecem há bastante tempo. “Se você estiver olhando para uma animação, essa conexão com o âncora é completamente perdida”, adicionou.
Em tempos em que a confiança na imprensa é baixa, um avatar não parece melhorar o cenário. Além disso, a China é conhecida por ter uma imprensa altamente controlada pelo governo – portanto, ter uma inteligência artificial praticamente sem nenhuma expressão parece uma boa ideia para eles.

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